sábado, 22 de janeiro de 2011

Psita e eu

Tudo começou quando um dia vovó estava fazendo sua caminhada e estava subindo o pequeno morro da nossa rua. Ela encontrou uma calopsita cinza. Em nossa rua tem alguns gatos, então ela pegou a calopsita e levou para nossa casa. A Marcella e eu ficamos muito felizes porque víamos algumas pessoas que tinham calopsitas e as achávamos umas gracinhas. As calopsitas são aves. Não são passarinhos como o canário, o pardal ou o bem-te-vi. São psitacídeos como o papagaio, a arara, o periquito, a cacatua... são avezinhas dóceis, mansas, carinhosas, lindas e o maior resultado de ela estar feliz com o seu carinho demonstrado, é ela demonstrar amor por você e alegria com você.

Voltando, nós duas (eu e minha irmã Marcella) pegamos ela no ombro, no braço, fizemos uma festa com a chegada dela. Quando eu fui à escola, não parava de pensar nela. Quando voltei da escola perguntei pra minha vovó:

– Já acharam o dono da calopsita?

E ela respondeu:

– Não ela está lá na biblioteca em cima da barraquinha.

Você deve estar se perguntando: “Por que eu perguntei se já tinham achado o dono da calopsita”? É que nós estávamos perguntando para a vizinhança se alguém tinha perdido uma calopsita e por isso não tínhamos dado nome para ela, para não nos apegarmos a ela. Quando papai chegou gostou muito da calopsita porque ele queria algum psitacídeo e gosta muito de aves. Depois que eu troquei o uniforme fomos perguntar para mais vizinhos. Uma moça disse que o vizinho dos fundos da casa dela tinha uma calopsita fujona, mas desta vez ela não se lembrava de que ela tinha fugido. Já era tarde então voltamos pra casa pra procurar mais no dia seguinte. Peguei a calopsita e coloquei no meu ombro e então eu, a Ma e o papai entramos no carro e fomos procurar o dono da calopsita. Encontramos alguém que disse que tinha perdido uma calopsita cinza e que o filho dele havia chorado muito. Disse que era macho e que se chamava Quiquinho. Minha irmã e eu ficamos tristes, mas pensávamos que aquele era o dono da calopsita e que lá ela estaria contente. Nós voltamos para a casa e depois de alguns minutos ouvimos alguém bater no portão. Minha irmã e meu pai foram atender e sabe quem era? Era aquele homem que tinha ficado com a calopsita. Ele disse:

– Eu vi as fotos da nossa calopsita no computador e percebi que não era esta.

Minha irmãzinha subiu a escada correndo e dizendo:

– A calopsita voltou!

Eu levantei da cadeira do computador e fiquei muito feliz. Fomos à agropecuária. Lá compramos alpiste e a gaiola dela e também o homem de lá cortou a ponta da asa dela para que ela não voasse muito alto e fugisse. Sexta à noite ficamos pensando em um nome para ela. Bibi, Quiquinha, Maila, Priscila... E de Priscila meu pai teve a ideia de Psita e foi esse o nome que ficou. No dia seguinte quando fomos à igreja eu contei para algumas crianças sobre a Psita. A Letícia, a Maísa e o Marcos foram para a minha casa e pegaram Psita e ela deixou sua marca no Marcos (fez cocô).

Naquela tarde nos divertimos, não só com ela, também com outras coisas. Outro dia nós estávamos passeando para encontrar uma árvore seca para a Psita e o papai encontrou um monte de arvores secas, disse para que eu e minha irmãzinha nos afastássemos porque ele iria retirar uma daquelas árvores secas e podia ter algum bicho. Aquela árvore era para a Psita se divertir roendo a casquinha da madeira e ir escalando seus galhos secos.

Nós tínhamos umas vizinhas na rua de trás e uma delas, a Lorraine, tinha duas calopsitas e parecia que a Psita e elas conversavam com os gritos tão altos que elas davam.

Ouvíamos às vezes umas risadinhas engraçadas, mas não sabíamos de quem eram, até que descobrimos que era da Psita, quando ela estava feliz fazia um showzinho de dança e cantoria. Ela dançava batendo o bico no espelho, na parede, no chão, fazia as risadas, assoviava e como diz a minha mãe, fazia bem alto “Vi!Vi!Vi!Vi!Vi!”

Divertíamo-nos muito com a Psita, ela andava pelo chão roendo tudo, fazia um som esquisito tipo “nheu, nheu, nheu, nheu” ou “nho, nho,nho,nho,nho” e também aquele som de touro bufando. Às vezes a colocávamos dentro da mochila e ela ficava toda contente, mas quando colocávamos o rosto dentro da mochila ela nos bicava e fazia aquele som de touro bufando.


A Lorraine iria viajar e deixou suas calopsitas conosco e a Psita se apaixonou por um dos machinhos chamado Petrúquio. Os três se divertiam na nossa casa, principalmente na árvore seca e no varal.


A Psita se divertia com outras calopsitas, mas nem todas, e com as que ela não se dava muito bem parecia que brigavam. Alguns diziam que a Psita era brava, mas eu nunca achei isso, tem calopsitas mais bravas que ela e ela não era brava eu posso afirmar. Quer que eu prove que ela não era brava? Tá bom! Ela sabia a diferença de pele e de coisas de roer, eu sei porque ela nos bicava fraquinho, fazia um pouquinho de cócegas, mas não doía e também porque um dia ela estava roendo o controle remoto e sem querer eu coloquei o meu dedo, e como ela não viu pensou que era o controle e bicou com força. Então eu sei que ela pode partir um grão de milho cru no meio e fazer cócegas na gente.

Outro dia meu priminho Eliel veio à minha casa e construiu uma casinha de bloquinhos de madeira e de repente a “demolidora” chegou e “pof”, a casinha caiu porque a Psita deu uma cabeçada na casinha.


Um dia fomos para uma montanha e os moradores de lá gostaram muito dela e uma das crianças queria pegar quase toda hora. Pena que ela tinha que ficar na gaiola, mas era porque eles tinham cinco cachorros bem gordos, da raça São Bernardo.


Todo ano nós íamos para o UNASP e em 2009 (porque foi o ano em que achamos a Psita) levamos a Psita e ela virou amiguinha de uma calopsita que tinha lá, o nome da calopsita era Peres e uma vez o Peres ficou lá no nosso quarto e na mesma gaiola que a Psita, a Psita ficou em cima do potinho de água e o Peres no chão da gaiola.



Quase todos gostavam muito da Psita, alguns não gostavam muito da Psita e eu irei dar um exemplo de uma pessoa. Quando eu levei a Psita na escola, outras crianças também tinham levado calopsitas. No recreio levamos as calopsitas para a sala do quinto ano, mas a Psita bicou outra calopsita e a dona dela ficou brava com a Psita então eu a tirei de lá. Como você viu a Psita não se dava bem com todas as calopsitas, mas com todas as pessoas sim.

A Psita gostava mais da mamãe e do papai, mas depois que eu aprendi a cuidar de calopsitas ela gostou mais de mim e do papai. Eu a amava demais, era a minha melhor amiga e ela me amava, demonstrava isso com a cabeça, com os pés, com as asas...

Uma coisa muito engraçada que ela fazia era assim: quando nós íamos tomar banho, às vezes a gente deixava uma frestinha no box, ela entrava por essa frestinha e tomava banho com a gente. Ela abria as asinhas e esfregava no nosso braço molhado, e saia toda molhada. Então eu ficava embaixo do cobertor e a colocava no meu peito e ela se aquecia também embaixo do cobertor.

Se eu for contar toda a vida da Psita vai dar mais do que um livro de mais ou menos 400 páginas, mas eu não me lembro disso tudo. Então temos que ir ao triste final.

Um dia que parecia normal, eu estava fazendo as tarefas da escola, a Psita andando pelo chão e a mamãe e a Marcella não sei o que estavam fazendo. Eu tinha deixado a borracha maldita na minha mochila e eu estava à mesa. Levantei da cadeira para pegar a borracha e... snif... snif... snif... eu... pisei... nela, na Psita. No dia 25 de maio ela morreu. Eu gritei e chorei, não podia aceitar, ela me amava tanto e eu amava tanto ela, quando de repente tudo acabou, foi um choque! Eu tinha me apegado tanto, tanto a ela. Nada podia me consolar. Todos choraram mamãe, Marcella, eu e até o papai. Fomos enterrá-la à tarde e eu joguei semente da flor de crotalária na sepultura que o pai cavou, mas infelizmente não nasceu. Estas são palavras que eu quero dizer para ela quando chegar ao céu:

“Psita eu te amo muito. Quando você morreu, eu nunca me esqueci de você e esperava por este dia, em que nós nos encontraríamos de novo. Eu derramei muitas lagrimas por você, não só no dia de sua morte, mas depois também. Como eu não podia acreditar que você tinha morrido eu imaginava que quando voltasse da escola ou do conservatório você estivesse lá em casa piando. Eu sonhei a noite com você, varias vezes, que você tinha voltado para mim. Como gostaria que meus sonhos fossem realidade. Mas não é realidade e vale a pena ser fiel a Deus, porque agora eu tenho você de volta e o céu!”


Leia também: "As lições que a Psita nos ensinou"

6 comentários:

Laíza Rafaela disse...

Nossa! Gi, você é demais, que historia.
Parabéns!
Você é muito esperta garota.

Unknown disse...

Sabe minha querida netinha, Eu acho que valeu apena, ter achado a nossa psita e Ela ter convivido com a gente... Ela era muito amada por nos e com isso serviu para nos unirmos mais ainda, nossos sentimentos de avó e netinha, ti amo muito!!! pra sempre vovó, Lúcia. DEUS TE ABENÇOE!!!!!!!!

Blog da Gi disse...

É, infelizmente esta história aconteceu comigo, mas, os tempos passados com ela foram ótimos tempos. E os tempos que passarei com ela no céu irão ser também muito bons!

Leticia Borges Nunes disse...

é Gi, a vida dessepisiona, a sua historias tem começo bom e final triste mas tenho certeza que vc encontrara Psita no ceu, um beijo cheio de lagimas de choro

Anônimo disse...

ahhhh!!! A Psita parece meu Juca!!!

Ele fugiu uma vez, no dia das mães. Mas conseguimos pegar ele de volta!!

Só eu sei o qto sofri naquele dia...

ele é meu amorzinho! Pra quem não sabe, as calôs são muito amáveis e se apegam muito aos donos, retribuem demais!!

Infelizmente, pisar em calopsitas é mais comum do que se imagina... elas andam quietinhas, ficam em volta da gente...

Nem quero imaginar como será qdo meu Juca morrer, mas só de pensar nessa possibilidade, já sinto uma pontinha de dor no coração e imagino que sofrerei tanto ou mais qto no dia em que ele fugiu..

Então, eu sei exatamente o que vc passou... Mas a vida é assim... nos dá presentes maravilhosos para tomar de nós do nada, sem aviso... apenas para nos ensinar alguma coisa....

Espero que vc esteja melhor.

Anônimo disse...

menina vc em fez chorar!que linda q vc deve ser!éh eu infelismente a minha fugiu!não sei porq tem de acontecer essas coisas com agente!!!eu estou com coração apertado,esperando q volte sã e salva!compartilho minha dor com vc!e um dia compartilharemos juntas com nossas psitas a felicidade!bjo garota linda!