domingo, 23 de janeiro de 2011

Um presente de ano novo

Elisa de quatro anos acordou e viu mamãe Simone olhando para a barriga. Elisa não entendeu por que, ela não estava gorda nem magra e não parecia estar com dor de barriga. Então ela levantou da cama, se sentou ao lado da mãe e perguntou:

– Mamãe, por que você está olhando para a barriga?

A mãe deu um beijo nela e disse:

– Descobri que estou grávida!

– Que legal!

Elisa olhou para a barriga fez carinho e disse:

– Eu vou cuidar bem de você...

No dia seguinte, mamãe disse para Elisa:

– Elisa, eu e o papai vamos para o centro comprar roupas para o bebê, não vai demorar, porque não vamos ter muita opção, não sabemos o sexo do bebê, então vamos procurar roupinhas que sirvam para menina e menino, você quer ir junto?

– U-hum, Machi ainda não echitou ponta – disse Elisa de boca cheia.

– Então se arrume depressa, vista sua camisa bege e sua calça jeans branca.

– Ok!

Chegando lá mamãe entrou em uma loja chamada Baby Show e a vendedora Nicole disse:

– Bom dia, posso ajudar?

– Estamos procurando roupinhas de neném RN ou P que sirvam para menina e para menino.

A vendedora os levou para um lugar onde puderam sentar e disse para esperarem que ela iria trazer algumas roupinhas. Enquanto isso Elisa foi bisbilhotando as roupinhas de neném, pegou uma rosa com flores brancas na parte de cima e em baixo uma ursinha branca com roupas de havaiana e levou para a mãe:

– Olha mãe, que bonitinho esse macacão, compra, o neném vai ficar uma gracinha...

– Querida, e se for menino? Quando souber o sexo e se for menina eu compro, tá?

– Ah... Mas, até lá alguém já vai ter comprado...

– E se for menino o neném ele vai usar roupa de menina?

– Aí você dá para as minhas bonecas.

– Eu não vou gastar dinheiro com suas bonecas, por favor, Elisa, não dá.

Elisa abraçou o macacão foi devolver de cabeça baixa, mas então de repente ela sorriu voltou para a mãe e disse:

– Tira uma foto do macacão?

– Não trouxemos a câmera...

– Então dá pra ser de celular – disse papai tirando o celular do bolso.

Elisa foi pegando um monte de roupinhas e trazendo para o papai tirar fotos. Pegou uma azul com uma bicicleta vermelha, pegou uma branca com a Puka, pegou uma vermelha de capuz, pegou uma bege cheia de corações cor de rosa, uma lilás com uma borboleta azul, uma verde com uma pipa, uma azul com bolinhas marrons. Até que:

– Chega! Encheu o cartão de memória do celular!

– Desculpe... – disse Elisa sentando no colo do pai, pegando o celular e vendo as fotos que o pai havia tirado.

– Tudo bem eu posso descarregar.

Ela deu o celular para a mãe e abraçou o pai. A mãe sorriu e se juntou ao abraço.

– Agora você tem que arrumar a bagunça que fez com as roupinhas.

– Ok – disse Elisa descendo do colo do pai.

Então a vendedora chegou. Como mamãe havia dito, não teve muita opção.

Ela trazia alguns pacotes plásticos que dentro dava para ver macacões vermelhos, laranjas, amarelos, brancos... Essas cores que servem para menino e menina.

– Aqui eu tenho cinco macacões e uma camisetinha que servem pra menina e menino. Se você quiser na próxima semana vão chegar algumas roupinhas de neném novas e a maioria é P, eu poderia ver pra você se tem alguma roupinha que serve para menino e menina.

– Tudo bem, a minha filha achou um macacão aqui que é vermelho com capuz.

Elisa trouxe o macacão para a vendedora e ela disse:

– Esse aqui é G, mas eu trouxe igual RN.

– Eu vou levar este vermelho e essa camisetinha branca. Você tem meias de bebê?

– Tenho algumas, chegam novas semana que vem.

A moça os levou a um lugar onde tinha uma mesa cheia de meias e do lado uma parede onde estavam penduradas mais meias um pouco maiores que as da mesa.

Elisa foi mexendo nas meias, junto com a mãe.

– Olha essa meia cor de rosa com uma flor lilás!

– O espaço de fotos acabou, e essa meia é de menina, e se for menino?

– Eu disse que era bonita não pedi para você levar.

A mãe deu um sorrisinho sem abrir a boca e apertou a bochecha da filha.

Simone escolheu três meias. Na fila do caixa estava olhando para os kits de berço e como estava quase chegando a sua vez, uma moça do caixa disse:

– Quer dar uma olhadinha nos kits de berço?

– Semana que vem eu volto.

Elisa disse em seu pensamento: “Êêê!” E deu um sorrisinho. Ela gostava de ver roupas de nenéns e queria muito ter uma irmãzinha, agora ela queria aproveitar bem essa oportunidade, porque a mãe tinha dito que não iria ter outro bebê.

Voltaram para a casa e Elisa disse:

– Você não vai comprar o carrinho o berço o...?

– Não estou nem de um mês, acho que estou sendo apressada em comprar as roupinhas, ainda temos nove meses.

– Mas, talvez nasça de sete meses!

– Você nasceu no dia que completava nove meses, então ele vai demorar em média oito meses para nascer e mesmo que por sete meses, é bastante tempo.

– Tá, mas...

Mamãe colocou o dedinho na boca dela dizendo “xxxxiiiii”. Lhe deu um abraço e disse:

– Vai dar tempo, não esquenta a cabeça.

Passaram quatro meses e Elisa acordou com papai fazendo carinho na barriga da mãe e dizendo:

– Cadê o meu bebê lindo, lindo? Está aqui dentro esperando para nascer.

Ela sorriu, chutou a coberta e sentou na ponta da cama olhando para a barriga da mamãe. O pai dela a pegou e a levantou, como se fosse jogá-la e a colocou no colo da mamãe.

– Bom dia! – disse Elisa abraçando a mãe.

– Bom dia. Hoje quero ter com você e o papai o dia da família, vamos fazer um piquenique, nadaremos na piscina, brincaremos de frisby... E no final da tarde descobriremos se é menina ou menino!

– Irruh! Querida Eliana ou Daniel! – exclamou Elisa colocando as duas mãos na barriga da mamãe.

– Eliana? Daniel? – perguntou papai.

– Por que não? São belos nomes – disse mamãe.

– Só algumas mudanças: Elina ou Gabriel.

– Ok! São belos nomes – disse Elisa.

Quando foram tomar o desjejum Elisa comeu uma bolacha e foi correndo para a cozinha.

– Elisa pra onde você vai? – perguntou mamãe

– Pegar as coisas do piquenique.

– Venha para a sala de jantar e coma alguma coisa.

– Já comi bolacha!

– Só isso! Você vai ficar com fome... – disse papai.

– Não vou, vou guardar minha fome para o piquenique que vai ser depois de arrumarmos a cesta do piquenique, escovarmos os dentes, trocarmos de roupa e eu e a mamãe arrumarmos o cabelo.

– O piquenique é à tarde, querida – disse mamãe, rindo.

Elisa se sentou à mesa com a cara desapontada.

Quando a tarde chegou se divertiram muito. Mas o que eles sentiam mais do que diversão era ansiedade para saber se era menino ou menina.

Então foram para a clínica onde seria feito o ultrassom.

Elisa ia andando e falando:

– Será que é a Elina ou o Gabriel?

Quando chamou o nome:

– Simone.

Elisa vibrou, estava muita ansiosa.

Eles entraram na sala e quando o médico começou a fazer o exame ela disse:

– Está aparecendo? Eu não estou vendo. Pai, por que é tudo preto e branco, é antigo?

– Xxxiiiii! – disse papai.

– Porque xiii, eu quero saber, é...

O medico disse:

– É menina.

– Iurruh!!! Minha querida Elina, yyyyyeess! – disse Elisa fazendo uma festa.

Os meses se passaram e o Natal chegou. A mãe estava com um barrigão de oito meses. Elisa estava desenhando um cartão para o neném e com a ajuda do papai tinha comprado um par de pantufinhas para a sua irmãzinha Elina. Quando chegou a hora dos presentes, todos faziam uma roda e cada um, do menor para o maior, pegava os presentes que tinha trazido para dar e davam para cada um. Começava pela Jéssica, sua prima de três anos. Ela pegava um presente e dava para a pessoa, pegava outro e dava para outra pessoa até dar para todo mundo na roda. Depois ia Elisa. Ela começou pelo papai que estava do lado da mamãe, para que ela fosse a ultima a receber o presente. Quando chegou à mamãe ela disse:

– Esse é para você e esse é para nossa querida Elina.

Mamãe deu um abraço bem forte nela e disse:

– Ela vai gostar muito, muito mesmo.

E deu um beijo nela.

O Natal passou e como tinha sido na casa dela a ceia, estava suja a casa, mas Elisa disse:

– Mamãe, não limpa nada, eu e o papai vamos limpar para você.

Elisa lavou a louça, papai varreu a casa, os dois passaram um pano úmido no chão, papai trocou os lençóis e Elisa preparou um suco para a mamãe. À noite foram assistir a um filme e mamãe começou a dizer:

– Ai, ai, está dando contração!

– Vou te levar para o hospital. Elisa pegue a malinha e coloque perto do carro.

– Ok! – disse Elisa saindo correndo.

Papai levou mamãe até o carro e colocou a malinha no porta-malas.

Elisa disse:

– E eu?!

– Entra no carro.

Elisa pulou para dentro do carro.

– Onde eu vou ficar?

– Na casa da sua vovó.

Papai deixou Elisa na casa da vovó e foi correndo para o hospital. O médico disse que não seria hoje que iria nascer, foi só um susto, mas era melhor ela ficar internada porque estava muito perto de nascer, talvez em menos de uma semana. Mamãe ficou lá no hospital, mas no dia 30 as dores vieram e muito fortes. O médico foi medir as contrações e disse que estavam muito fortes e que ela já estava com sete dedos de dilatação! Então a mamãe entrou em trabalho de parto e Elina nasceu às 9h40 da manhã com 47 cm e 2 kg e 780 gramas. Elisa ficou sabendo e deixaram-na entrar para ver o bebê. Ela, a vovó e o vovô. Foram até a maternidade e Elisa disse:

– Que linda! Aquela câmera era bem antiga mesmo, fica tudo embaçado e preto e branco. Não sei como que descobriram que era menina?

– Rê, rê, rê. Venha, Elisa, sente-se aqui pra conhecer a sua irmãzinha.

– Sim minha irmãzinha, meu presente de ano novo.

Giovanna Borges

sábado, 22 de janeiro de 2011

Psita e eu

Tudo começou quando um dia vovó estava fazendo sua caminhada e estava subindo o pequeno morro da nossa rua. Ela encontrou uma calopsita cinza. Em nossa rua tem alguns gatos, então ela pegou a calopsita e levou para nossa casa. A Marcella e eu ficamos muito felizes porque víamos algumas pessoas que tinham calopsitas e as achávamos umas gracinhas. As calopsitas são aves. Não são passarinhos como o canário, o pardal ou o bem-te-vi. São psitacídeos como o papagaio, a arara, o periquito, a cacatua... são avezinhas dóceis, mansas, carinhosas, lindas e o maior resultado de ela estar feliz com o seu carinho demonstrado, é ela demonstrar amor por você e alegria com você.

Voltando, nós duas (eu e minha irmã Marcella) pegamos ela no ombro, no braço, fizemos uma festa com a chegada dela. Quando eu fui à escola, não parava de pensar nela. Quando voltei da escola perguntei pra minha vovó:

– Já acharam o dono da calopsita?

E ela respondeu:

– Não ela está lá na biblioteca em cima da barraquinha.

Você deve estar se perguntando: “Por que eu perguntei se já tinham achado o dono da calopsita”? É que nós estávamos perguntando para a vizinhança se alguém tinha perdido uma calopsita e por isso não tínhamos dado nome para ela, para não nos apegarmos a ela. Quando papai chegou gostou muito da calopsita porque ele queria algum psitacídeo e gosta muito de aves. Depois que eu troquei o uniforme fomos perguntar para mais vizinhos. Uma moça disse que o vizinho dos fundos da casa dela tinha uma calopsita fujona, mas desta vez ela não se lembrava de que ela tinha fugido. Já era tarde então voltamos pra casa pra procurar mais no dia seguinte. Peguei a calopsita e coloquei no meu ombro e então eu, a Ma e o papai entramos no carro e fomos procurar o dono da calopsita. Encontramos alguém que disse que tinha perdido uma calopsita cinza e que o filho dele havia chorado muito. Disse que era macho e que se chamava Quiquinho. Minha irmã e eu ficamos tristes, mas pensávamos que aquele era o dono da calopsita e que lá ela estaria contente. Nós voltamos para a casa e depois de alguns minutos ouvimos alguém bater no portão. Minha irmã e meu pai foram atender e sabe quem era? Era aquele homem que tinha ficado com a calopsita. Ele disse:

– Eu vi as fotos da nossa calopsita no computador e percebi que não era esta.

Minha irmãzinha subiu a escada correndo e dizendo:

– A calopsita voltou!

Eu levantei da cadeira do computador e fiquei muito feliz. Fomos à agropecuária. Lá compramos alpiste e a gaiola dela e também o homem de lá cortou a ponta da asa dela para que ela não voasse muito alto e fugisse. Sexta à noite ficamos pensando em um nome para ela. Bibi, Quiquinha, Maila, Priscila... E de Priscila meu pai teve a ideia de Psita e foi esse o nome que ficou. No dia seguinte quando fomos à igreja eu contei para algumas crianças sobre a Psita. A Letícia, a Maísa e o Marcos foram para a minha casa e pegaram Psita e ela deixou sua marca no Marcos (fez cocô).

Naquela tarde nos divertimos, não só com ela, também com outras coisas. Outro dia nós estávamos passeando para encontrar uma árvore seca para a Psita e o papai encontrou um monte de arvores secas, disse para que eu e minha irmãzinha nos afastássemos porque ele iria retirar uma daquelas árvores secas e podia ter algum bicho. Aquela árvore era para a Psita se divertir roendo a casquinha da madeira e ir escalando seus galhos secos.

Nós tínhamos umas vizinhas na rua de trás e uma delas, a Lorraine, tinha duas calopsitas e parecia que a Psita e elas conversavam com os gritos tão altos que elas davam.

Ouvíamos às vezes umas risadinhas engraçadas, mas não sabíamos de quem eram, até que descobrimos que era da Psita, quando ela estava feliz fazia um showzinho de dança e cantoria. Ela dançava batendo o bico no espelho, na parede, no chão, fazia as risadas, assoviava e como diz a minha mãe, fazia bem alto “Vi!Vi!Vi!Vi!Vi!”

Divertíamo-nos muito com a Psita, ela andava pelo chão roendo tudo, fazia um som esquisito tipo “nheu, nheu, nheu, nheu” ou “nho, nho,nho,nho,nho” e também aquele som de touro bufando. Às vezes a colocávamos dentro da mochila e ela ficava toda contente, mas quando colocávamos o rosto dentro da mochila ela nos bicava e fazia aquele som de touro bufando.


A Lorraine iria viajar e deixou suas calopsitas conosco e a Psita se apaixonou por um dos machinhos chamado Petrúquio. Os três se divertiam na nossa casa, principalmente na árvore seca e no varal.


A Psita se divertia com outras calopsitas, mas nem todas, e com as que ela não se dava muito bem parecia que brigavam. Alguns diziam que a Psita era brava, mas eu nunca achei isso, tem calopsitas mais bravas que ela e ela não era brava eu posso afirmar. Quer que eu prove que ela não era brava? Tá bom! Ela sabia a diferença de pele e de coisas de roer, eu sei porque ela nos bicava fraquinho, fazia um pouquinho de cócegas, mas não doía e também porque um dia ela estava roendo o controle remoto e sem querer eu coloquei o meu dedo, e como ela não viu pensou que era o controle e bicou com força. Então eu sei que ela pode partir um grão de milho cru no meio e fazer cócegas na gente.

Outro dia meu priminho Eliel veio à minha casa e construiu uma casinha de bloquinhos de madeira e de repente a “demolidora” chegou e “pof”, a casinha caiu porque a Psita deu uma cabeçada na casinha.


Um dia fomos para uma montanha e os moradores de lá gostaram muito dela e uma das crianças queria pegar quase toda hora. Pena que ela tinha que ficar na gaiola, mas era porque eles tinham cinco cachorros bem gordos, da raça São Bernardo.


Todo ano nós íamos para o UNASP e em 2009 (porque foi o ano em que achamos a Psita) levamos a Psita e ela virou amiguinha de uma calopsita que tinha lá, o nome da calopsita era Peres e uma vez o Peres ficou lá no nosso quarto e na mesma gaiola que a Psita, a Psita ficou em cima do potinho de água e o Peres no chão da gaiola.



Quase todos gostavam muito da Psita, alguns não gostavam muito da Psita e eu irei dar um exemplo de uma pessoa. Quando eu levei a Psita na escola, outras crianças também tinham levado calopsitas. No recreio levamos as calopsitas para a sala do quinto ano, mas a Psita bicou outra calopsita e a dona dela ficou brava com a Psita então eu a tirei de lá. Como você viu a Psita não se dava bem com todas as calopsitas, mas com todas as pessoas sim.

A Psita gostava mais da mamãe e do papai, mas depois que eu aprendi a cuidar de calopsitas ela gostou mais de mim e do papai. Eu a amava demais, era a minha melhor amiga e ela me amava, demonstrava isso com a cabeça, com os pés, com as asas...

Uma coisa muito engraçada que ela fazia era assim: quando nós íamos tomar banho, às vezes a gente deixava uma frestinha no box, ela entrava por essa frestinha e tomava banho com a gente. Ela abria as asinhas e esfregava no nosso braço molhado, e saia toda molhada. Então eu ficava embaixo do cobertor e a colocava no meu peito e ela se aquecia também embaixo do cobertor.

Se eu for contar toda a vida da Psita vai dar mais do que um livro de mais ou menos 400 páginas, mas eu não me lembro disso tudo. Então temos que ir ao triste final.

Um dia que parecia normal, eu estava fazendo as tarefas da escola, a Psita andando pelo chão e a mamãe e a Marcella não sei o que estavam fazendo. Eu tinha deixado a borracha maldita na minha mochila e eu estava à mesa. Levantei da cadeira para pegar a borracha e... snif... snif... snif... eu... pisei... nela, na Psita. No dia 25 de maio ela morreu. Eu gritei e chorei, não podia aceitar, ela me amava tanto e eu amava tanto ela, quando de repente tudo acabou, foi um choque! Eu tinha me apegado tanto, tanto a ela. Nada podia me consolar. Todos choraram mamãe, Marcella, eu e até o papai. Fomos enterrá-la à tarde e eu joguei semente da flor de crotalária na sepultura que o pai cavou, mas infelizmente não nasceu. Estas são palavras que eu quero dizer para ela quando chegar ao céu:

“Psita eu te amo muito. Quando você morreu, eu nunca me esqueci de você e esperava por este dia, em que nós nos encontraríamos de novo. Eu derramei muitas lagrimas por você, não só no dia de sua morte, mas depois também. Como eu não podia acreditar que você tinha morrido eu imaginava que quando voltasse da escola ou do conservatório você estivesse lá em casa piando. Eu sonhei a noite com você, varias vezes, que você tinha voltado para mim. Como gostaria que meus sonhos fossem realidade. Mas não é realidade e vale a pena ser fiel a Deus, porque agora eu tenho você de volta e o céu!”


Leia também: "As lições que a Psita nos ensinou"

O Que Ele Viu na Grécia

Li um livro chamado O Que Ele Viu na Grécia e recomendo. Ele conta a história de um cego chamado Daxos que morava na Grécia. Eles acreditam que Daxos nasceu cego porque os deuses o amaldiçoaram e por isso ele sofre de discriminação. Daxos não tem mãe porque ela morreu no parto dele, então o pai lhe dedica muito carinho, tentando suprir a ausência dela. Daxos é apaixonado por uma moça chamada Heleia e tenta pedir ela em namoro, mas antes dele pedir, ela contou sobre a amiga dela que conheceu um homem que falou para ela sobre um Deus diferente de todos os deuses que eles conheciam, um Deus de amor, que nunca fica bravo. Esse livro foi meu pai que escreveu. Faz parte da coleção que eu falei na resenha do livro Tesouro no Egito.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Um Natal especial

Marina acordou pensando: “Estou atrasada, preciso ir logo tomar o desjejum, se não vou chegar mais atrasada ainda, na escola.” Mas, logo viu os enfeites de natal em seu quarto e se lembrou que estava de férias. Levantou da cama, escovou os dentes, desceu as escadas, pegou uma banana e foi tomar o desjejum. Depois subiu as escadas escovou os dentes, outra vez, penteou seus cabelos lisos, castanhos que chegavam à altura do queixo, foi para o quarto e vestiu sua camiseta azul de flores e a calça rosa, com o símbolo do rostinho de uma criança sorrindo no lado esquerdo; embaixo do rostinho estava escrito “criança feliz”. Marina olhou para o símbolo e se lembrou da história daquela calça. Quando sua mãe trabalhava no orfanato criança feliz, as crianças deram para ela aquela calça, que uma delas (que tinha 12 anos) pediu uma calça para sua amiga de nove anos e ela deu uma calça dela cor de rosa. Então a menina de 12 anos pediu para uma das professoras lhe dar uma bonequinha de pano do símbolo do orfanato. Quando a professora lhe deu a bonequinha ela costurou na calça e bordou embaixo da bonequinha “criança feliz”. Depois ela entregou para a mãe de Marina embrulhadinha com papel prateado. Quando Marina abriu, viu um papelzinho e leu:

“Querida Marina, muito obrigada pelo amor dedicado a cada dia que você vem aqui. Queremos te dar uma simples lembrançinha para poder demonstrar que te amamos. Não só por isso, mas também porque você merece. Não é muito, mas é o que podemos fazer. Nós te amamos muuuito. Com amor e carinho: Orfanato Criança feliz.

Escrito por: Célly Oliveira de Souza.”

Marina começou a pensar: “Eles foram tão bondosos, tiveram tanta solidariedade comigo e eu nem fiz nada para eles.”

Ela desceu as escadas, se jogou no sofá da sala e ficou pensando no que dar para eles:

“Eu posso costurar um suéter para cada um... Mas não dá, se para costurar um, eu já levo dias, imagine 20 suéteres. Posso dar uma de minhas calças... não dá, primeiro, iria dar briga para ver quem iria ficar com a calça, segundo eu não sei o tamanho de roupa que cada um deles usa... terceiro eu só tenho nove calças não 20. Podia pedir para mamãe fazer um bolo... não dá, ela já está desde a manhã fazendo muitos pratos especiais para a ceia de Natal, porque titio Carlos, titia Pâmela, titio Sérgio, titia Camila, primos Mateus e Carlos Junior, primas Bianca, Isabela, Isabeli e Carla, vô Mario, vó Suzi, vô Cláudio,vó Simoni, meu irmão Lucas e a esposa dele Emilia vão vir pra cá e alem deles tem eu, o meu pai Flavio, meu irmãozinho de dois anos Fabrício e ela mesma (minha mãe Sara) e também as crianças devem ter bolo para o Natal.

Marina se ajoelhou e orou:

– Querido Deus, obrigada por mais um Natal que Tu estás nos dando. Que seja um bom Natal cheio de alegrias. Obrigada pela amizade que eu tenho com aquelas crianças que foram tão bondosas comigo e eu gostaria de encontrar alguma coisa para dar para aquelas crianças. Amém.

Ela abriu os olhos e viu a árvore de Natal e embaixo dela muitos presentes, então ela disse:

– Eu tenho tantos presentes... Tantos brinquedos... Brinquedos?!... Brinquedos!

Ela correu para o quarto pegou uma caixa e começou a separar os brinquedos que ela não usava mais. Iria dar para as crianças de lá.

No finzinho da tarde, às 6h30 ela contou para a mãe o que ela tinha feito e pediu para que a levasse para o orfanato Criança Feliz. Chegando lá, Marina foi correndo com a caixa nos braços passando da cabeça. Ela entregou para a mãe quando uma das professoras chegou:

– Olá, Sara, quanto tempo, feliz Natal!

–Olá, Liliam, faz tempo mesmo que nós não nos vemos, feliz Natal para você também.

– Como sua filha cresceu! Tinha sete anos quando a vimos da última vez, ficou mais bonita de cabelo curto.

– Obrigada e você está mais bonita sem óculos - Disse Marina com as bochechas rosadas.

– Obrigada, eu também achei.

– Minha filha disse que vestiu a calça do orfanato, que é a que ela está usando agora.

Marina largou a caixa um pouco para que Liliam pudesse ver o símbolo “criança feliz”. E disse que lembrou da história daquela calça e ficou com vontade de ajudar e com a ajuda de Deus decidiu que iria doar seus brinquedos que não usava mais.

– Muito obrigada, Marina! As crianças vão ficar super felizes, isso é um belo presente de Natal e tem um embrulho lindo. Laço azul brilhante e caixa vermelha, deve ter brinquedos legais aqui dentro.

– Por nada, e eu posso pedir um favor para você?

– Claro!

– Você pode entregar essa cartinha para a Célly ler para as crianças?

– Com certeza.

Marina voltou feliz para a casa e teve um Natal muito especial. E lá no orfanato as crianças se divertiam com os novos brinquedos e Célly leu a cartinha:

“Querido orfanato Criança Feliz, feliz Natal! E mais pra frente feliz ano novo. Mas eu espero poder vê-los no ano novo. Amo muito vocês: Eliza, Emily, Marcos, Lucas, Diana, Laura, Gabriel, João, Jônatas, Alícia, Alice, Eduardo, Mônica, Heber, Julio, Julia, Suzana, Pedro, Leonardo e Célly. Obrigada pela calça, mas, mais do que a calça, a amizade de vocês. Muuito obrigada, eu amo muuuito vocês.

Assinado: Marina Pereira Carvalho.”

Giovanna Borges